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Gal Gadot foi capa do caderno ELA do jornal O Globo neste domingo (06) onde concedeu uma entrevista exclusiva e falou sobre Agente Stone, sua parceria com seu marido Jaron Varsano e mais. Confira abaixo:

Em junho, Gal Gadot passou cerca de 40 horas em São Paulo e não conseguiu pregar os olhos nem por um minuto. “Culpa” dos fãs brasileiros, que lotaram o prédio da Bienal no Ibirapuera no dia 16, e o gramado do Parque, no dia 17, para o Tudum, evento da Netflix que trouxe ao país a atriz israelense e outras estrelas hollywoodianas. “Estava com muito jet lag, mas não dormi. Quando você recebe tanta energia incrível, é eletrizante. Vocês, brasileiros, são inacreditáveis”, disse Gal, por telefone, dois dias depois de voltar para uma de suas casas, em Los Angeles — a outra é em Tel Aviv.

Fã do Rio, cidade que conheceu pela primeira vez nas filmagens de Velozes e furiosos 5, em 2010, e de Gal Costa (“Fiquei muito triste com a morte dela no ano passado”), a atriz de 38 anos esteve no Brasil — considerado pelos marqueteiros o país onde estão os fãs mais fervorosos do planeta — para divulgar o filme Agente Stone, que estreia na próxima sexta-feira, dia 11. Na produção, ela interpreta Rachel Stone, espiã de uma misteriosa organização cuja missão é manter a paz mundial com o auxílio de uma ferramenta de inteligência artificial cobiçada por hackers. Além de Gal, o elenco tem Jamie Dornan, famoso por interpretar Christian Grey no filme Cinquenta tons de cinza, e a novata em Hollywood Alia Bhatt, do longa indiano RRR.

Gal também é a produtora de Agente Stone. Aliás, tem se especializado nisso nos últimos anos: atuar e produzir filmes, principalmente de ação. Mulher-Maravilha 1984, de 2020, por exemplo, foi uma coprodução dela. “Sou muito fã desse gênero. Depois do sucesso de ‘Mulher-Maravilha’, quando percebi que havia espaço para mais histórias de ação focadas em mulheres, ganhei confiança para criar nossas próprias coisas, contar histórias sob uma perspectiva feminina”, diz a artista.

Sua produtora, a Pilot Wave, é uma sociedade com o marido, o empresário israelense do ramo imobiliário Jaron Varsano, que ela conheceu num retiro de ioga no deserto. Os dois são casados desde 2008 e pais de três meninas: Alma, de 13 anos; Maya, de 5; e Daniella, de 2. O trabalho ao lado dele foi uma “evolução orgânica da relação”. “Jaron é empresário e me completa. Minhas fraquezas são as forças dele e vice-versa. Poder trabalhar com o homem que mais amo e sei que vai me proteger é um sonho”, diz Gal.

O pontapé para ser dona do próprio negócio, ela diz, veio de Annette Bening, atriz indicada a quatro Oscars e com quem Gal contracenou no filme Morte no Nilo (2022). Num jantar de aniversário na casa dos Gadot para Patty Jenkins, diretora de Mulher-Maravilha, Gal cercou Annette para pedir conselhos. “Ela é uma atriz e mãe incrível de quatro filhos. Perguntei a ela: ‘Como você consegue tudo isso?’ Num determinado momento da conversa, ela falou: ‘Se você quer alguma coisa, tem que ir buscar. É assim que funciona em Hollywood’. Olhei para o meu marido, sorrimos com os olhos e soubemos que era o que a gente ia fazer”, conta Gal.
É no mínimo curioso pensar que a atriz tenha perguntado como Annette “consegue tudo isso”, sendo que a própria Gal é sempre alvo da mesma pergunta — geralmente acompanhada de trocadilhos com Mulher-Maravilha. Como ela consegue ser tanta coisa — uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood, produtora, dona de uma marca de macarrão com queijo com pegada saudável, mãe de três filhas, simpática com os fãs… Sim, os brasileiros deliraram com a carisma dela nos palcos da Netflix.

“Antes de qualquer coisa, sou a mãe de Alma, Maya e Daniela, esposa do Jaron, filha dos meus pais e irmã da minha irmã. Sou muito ligada à família. Mas, ao mesmo tempo, quando as crianças estão na escola, vivendo a vida delas, gosto de estar em movimento, de criar. Amo a rotina de não ter rotina. Ao me preparar para um filme, ou ao gravar, entro no modo trabalho, mas sempre tento balancear os dois modos.”

Se dependesse da vontade da colega Margot Robbie, Gal Gadot estaria não só no catálogo da Netflix com Agente Stone neste mês como também nos cinemas com o filme Barbie. Isso porque a protagonista e produtora da grande sensação cinematográfica do momento falou em entrevistas recentes que o sonho dela era ter conseguido um espaço na agenda de Gal para tê-la no filme da boneca, dirigido por Greta Gerwig. “Gal Gadot tem a energia da Barbie”, disse Margot à Vogue americana em maio. “Ela é impossivelmente linda, mas você não a odeia por ser bonita porque ela é genuína. E é entusiasticamente gentil.”
A israelense diz que leu essa entrevista e, inclusive, falou com Margot sobre o assunto. “Quando aterrissei em Los Angeles, ao voltar do Brasil, a encontrei no aeroporto e conversamos. Eu falei: ‘Ok, farei o que você quiser agora’”, relembra Gal. “E ela disse: ‘Às vezes, Greta e eu ficávamos paradas pensando (no set) o que a Gal faria’. Margot é incrível, a adoro, mas não sei exatamente o que é ter uma energia de Barbie (risos). Acho que deve ser um grande elogio vindo dela.”

A Barbie Gal, se retratasse a realidade, precisaria ser bem pé no chão. Porque é assim que ela diz ser. Nascida em Petah Tikva, uma pequena cidade nos arredores de Tel Aviv, Gal começou a carreira como modelo, sendo Miss Israel em 2004. Trabalhou como modelo e atriz de séries em seu país natal, o que lhe abriu portas para testes no exterior. Seu primeiro papel em Hollywood foi na franquia Velozes e Furiosos, em 2009. Antes disso, passou, como toda jovem de seu país, pelo serviço militar, onde conseguiu a faixa preta em Krav Maga, um tipo de luta desenvolvida pelo exército local.

Na visão da artista, toda essa experiência ajuda a se manter centrada. “Não nasci numa família real ou hollywoodiana. Vim de uma cidade pequena, num país pequeno, no meio do Oriente Médio. Para mim, fama e sucesso não são garantidos”, diz a atriz. “Não acho que mudei muito em relação à menina que fui. Sou humilde, grata e feliz por estar onde estou. E, às vezes, há momentos em que penso: ‘Isso realmente está acontecendo comigo?’ (risos). Mas fico feliz de ter esses questionamentos porque eles me mantêm com os pés no chão.”

Parte das perguntas que passam constantemente pela cabeça de Gal quando ela lança uma nova empreitada tem a ver com o medo da recepção das pessoas. Descobriu que isso acontece nas melhores famílias e com os maiores sucessos, até com Francis Ford Coppola, diretor da franquia O poderoso chefão. Perguntadeira, descobriu esse ponto em comum com ele quando o questionou sobre “como era ser um tesouro nacional”. “Ele me respondeu assim: ‘Sabe de uma coisa, Gal? Sempre estou preocupado se as pessoas vão gostar ou não do que faço’. Se você tem alguém como o Coppola falando que tem dúvidas sobre si mesmo, você percebe que isso é algo bem normal”, diz a atriz. “E acaba sendo bom porque ajuda a me manter simples e humilde.”

Uma experiência marcante no início do ano, que a fez fortalecer ainda mais as raízes simples, foi colocar sua voz num audioguia do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. O local, maior símbolo das atrocidades nazistas e do genocídio do povo judeu durante a Segunda Guerra Mundial, recebe visitantes do mundo inteiro. Quem chega por lá agora houve as narrações na voz de Gal, cuja própria história é intrinsecamente ligada ao lugar. Seu avô materno foi o único sobrevivente da família que resistiu aos horrores daquele cativeiro.
“Fui procurada pelo Steven Spielberg para fazer essa gravação e claro que aceitei. Nem perguntei para onde era, apenas imaginei que iria para um dos museus do Holocausto”, conta. “Depois que gravei, soube que era para Auschwitz. Imediatamente liguei para a minha mãe e contei tudo. Imagina se alguém sussurrasse ao meu avô 80 anos atrás, no frio, órfão, depois de todo o horror: sua futura neta vai gravar um áudio para manter a memória viva sobre o que aconteceu aqui? Foi como completar um círculo.”

Gal Gadot estampa mais uma capa de revista no mês de novembro, desta vez é a Glamour México e América Latina! Confira abaixo a entrevista com a atriz.

De Mulher-Maravilha à vilã mais ousada e destemida, Gal Gadot protagoniza um filme com Ryan Reynolds e The Rock,e também se torna a estrela da capa da Glamour em novembro de 2021.

Por Farah Slim

Em novembro de 2021 teremos uma grande atriz estrelando a capa da Glamour México e América Latina: Gal Gadot! Ela está de volta à tela grande (e de um de nossos serviços de streaming favoritos) em seu novo filme altamente esperado, Alerta Vermelho.
Revelamos tudo o que essa celebridade nos contou, em entrevista exclusiva, sobre seu mais recente projeto com a Netflix, as lições que aprendeu, suas dicas de beleza e muito mais!

O que Gal Gadot mais gostou nas filmagens de Alerta Vermelho?

Uau. Em primeiro lugar, gostei de trabalhar com Rawson Thurber, nosso diretor, e, claro, os maravilhosos Dwayne Johnson e Ryan Reynolds. Adorei o roteiro e a história. Foi divertido, foi divertido de fazer, mesmo com o obstáculo que enfrentamos, como a maior parte do mundo, chamado COVID. Tivemos que adiar as filmagens e filmamos novamente 8 meses depois. Mas, apesar de tudo, foi um projeto lindo.

As ótimas lições que você aprendeu trabalhando com Dwayne e Ryan.

Tive sorte porque me sinto muito confortável com eles. Ele havia trabalhado com os dois antes deste filme, os conheci antes e tive uma ótima química com eles. Nós realmente gostamos muito do nosso tempo e ambos são companheiros muito bons e muito generosos (no que diz respeito ao que eles te dão durante as tomadas e tudo mais).
Minha família e de Ryan compartilharam uma ‘bolha’ quando voltamos a filmar durante a pandemia de COVID. Estávamos todos basicamente isolados. Não podíamos ir a lugar nenhum, só podíamos ir para o set e voltar para casa, então nossas filhas estudaram juntas e foi uma experiência muito legal. Ter nossa pequena comunidade de pessoas muito doces foi muito divertido. Eu acho que faz uma grande diferença quando você trabalha com pessoas que você ama e eu tive muita sorte.

O mantra de sua vida para lidar com os dias ruins também é…

Não desistir e continuar perseguindo meus sonhos. Quando as pessoas veem o sucesso de outras pessoas, sempre me asseguro de lembrá-las de que dá muito trabalho, há muitas rejeições… Você tem que acreditar em si mesma e isso é algo que também procuro ensinar às minhas filhas, que para alcançar resultados, elas têm que trabalhar. Sempre há um amanhã e amanhã será um novo dia.

Você sabia que Gal passou por um treinamento muito especial para fazer esse filme?

Sabe que? Eu amo ter a oportunidade não só de atuar, mas de agir fisicamente e fazer posturas diferentes. Em Alerta Vermelho tínhamos que fazer uma dança, então fizemos uma cena de dança e eu amei isso.
Tínhamos ensaios e muitas coisas. Antes de mais nada, antes de filmar, treinei e me exercitei para estar apta para o papel. Então COVID apareceu e como todo mundo, eu estava cozinhando o dia todo, comendo, bebendo e fazendo todas as coisas divertidas que todos faziam e eu estava tipo, ‘Oh não! Estamos voltando às filmagens e tenho que estar pronta para a câmera.’ Especialmente porque havia uma cena de maiô com a qual eu tinha que me sentir confortável.
E foi então que voltei e treinei por vários meses, antes de voltar ao set. Quando estávamos filmando, eu malhava todas as manhãs antes de sair de casa para ir ao set. Então, os treinos faziam parte da minha rotina diária.

Suas dicas importantes para beleza e estilo.

Eu trabalho com uma especialista facial que é de Israel. O nome dela é Keren Bartov e ela realmente é a melhor amiga da minha pele. Ela me traz toda essa variedade de produtos diferentes e eu os uso de manhã e à noite.
No meu armário sempre tenho um vestidinho preto que acho atemporal e toda mulher deveria ter um vestido preto perfeito.

Gal Gadot é capa da Marie Claire no Brasil na edição de novembro! Em entrevista à revista, a atriz israelense fala sobre a gravidez na pandemia, a rotina como mãe de três filhas, carreira e outros detalhes que fazem dela verdadeira a Mulher-Maravilha.

Por Claudia Lima

Não é fácil encontrar a Mulher-Maravilha. E não por causa do avião invisível que ela usa para se locomover nos desenhos animados. Pegar Gal Gadot – a atriz israelense de 36 anos que desde 2016 dá vida à heroína mais famosa do multiverso – no laço para uma entrevista requer dedicação, além de uma generosa quantidade de e-mails e mensagens de WhatsApp trocados com os assessores, agentes e secretários pessoais da estrela, que negociaram cada minuto desta entrevista de capa.

Não é para menos. Um dos nomes mais requisitados de Hollywood, Gal alcançou, em 2020, o terceiro lugar na lista das atrizes mais bem pagas da indústria cinematográfica, atrás apenas de Sofia Vergara e Angelina Jolie. E, diferentemente da personagem de quadrinhos que catapultou sua carreira, gasta boa parte de seu tempo em boeings de verdade, quase sempre na longa rota de 15 horas que separa Los Angeles de Tel Aviv, onde mora oficialmente.

Sua agenda, que nunca foi fácil, está ainda mais complicada estes dias. É que em 12 de novembro ela estreia Alerta Vermelho, o longa-metragem do Netflix de orçamento mais alto até hoje – leia-se U$ 200 milhões –, em que dá vida a Bispo, uma ladra de obras de arte, a primeira vilã de sua carreira.

“Foi muito interessante viver uma personagem que não é pura nem vive pelo bem, como a Mulher Maravilha. Como toda atriz, gosto de explorar a mais variada gama de emoções possível”, explica.

Como já de praxe em sua carreira, desde que estreou em Velozes e Furiosos, em 2009, o filme é recheado de cenas de ação, com armas, lutas, helicópteros e perseguições, que a atriz executa tão bem.

Dirigido e escrito por Rawson Marshall Thurber, Alerta Vermelho conta a história de um agente da Interpol, papel de Dwayne Johnson, que vive à procura de dois dos ladrões de arte mais procurados do mundo, interpretados por Gal e Ryan Reynolds. “Bispo é atrevida, engraçada e nada correta. Bem diferente de tudo que havia interpretado até então”, conta a estrela. O coleguismo no set também colaborou para o fato de ela ter gostado tanto da experiência. “Tanto Rawson quanto Ryan já eram meus amigos, havíamos trabalhado juntos em Velozes e Furiosos. Os dois são supertalentosos, além de muito engraçados”, completa. Não precisa dizer que os atores formaram uma trinca de protagonistas perfeita no filme que mistura ação e comédia. Não tem como não botar também nessa conta os U$ 20 milhões que presume-se que cada um deles tenha ganhado.

Previstas para começar no início de 2020, as filmagens de Alerta Vermelho, como tudo, foram atropeladas pela pandemia de covid-19. A retomada só aconteceu em setembro de 2020 e trouxe alívio à vida da atriz. “Foi um período de tanta negatividade e incertezas que voltar a trabalhar dava a sensação de que a vida entraria nos eixos”, conta.

Nascida em Petah Tikva e criada em Rosh HaAyin, ambos distritos vizinhos e próximos a Tel Aviv, em Israel, Gal é filha de uma professora e um engenheiro. Tem um pouco de sangue polonês e austríaco, um pouco de alemão e tcheco. Sua ascendência é asquenaze [a maior comunidade judaica do mundo, de origem europeia]. Fala hebraico, inglês e é formada em biologia. “Minha irmã [mais nova] e eu tivemos uma educação maravilhosa. Apesar de protetores, nossos pais sempre nos permitiram ser livres e incentivaram que fôssemos independentes para traçar nossos caminhos”, conta.

Graças a esse suporte, Gal viveu muitos papéis na vida real. Foi babá e trabalhou em fast-food até se tornar, aos 18 anos, miss Israel. Outro detalhe curioso de seu currículo diz respeito aos dois anos em que integrou as Forças de Defesa de Israel, serviço militar obrigatório entre as mulheres de seu país. Por lá tornou-se instrutora de combate e adquiriu princípios que acabaram sendo determinantes nas personagens que viveu. E, não, não estamos falando (só) do fato de ela saber pegar em armas.

“Mais do que qualquer ensinamento ou habilidade física que eu tenha desenvolvido nos anos de exército, minha maior lição lá dentro foi a de entender a importância do coletivo, do trabalho em grupo. Isso é fundamental na vida de quem faz cinema”, afirma. “E não falo apenas sobre essa necessidade dentro do elenco. As pessoas que trabalham por trás das lentes, dos eletricistas aos maquiadores, sempre os primeiros a chegar e os últimos a sair, são essenciais no meu trabalho. É preciso ser sempre atencioso com elas, só assim somos capazes de atuar de forma eficiente”, completa.

FAMÍLIA EM PRIMEIRO LUGAR

O final de 2020, ano em que o mundo vivia um período de medo, isolamento social e lockdown, marcou a vida da estrela por um motivo extra. Gal e seu marido, o empresário Jaron Varsano, com quem é casada desde 2008, se viram grávidos do terceiro bebê da família – Daniella hoje tem cinco meses, Alma, 10 anos, e Maya, 4. “Esses tempos foram muito desafiadores e trouxeram diferentes realidades que tivemos que enfrentar. Mas, ao mesmo tempo, acabaram me energizando e me deixando mais forte para aceitar os desafios”, diz.

A amamentação faz parte dessa lista. Sua foto com a bomba de tirar leite enquanto se maquiava no set, que ganhou quase 2,5 milhões de curtidas em seu perfil no Instagram, representa bem o momento. “Tenho a sorte de que, para cada projeto longo que eu faça – e eles normalmente são assim –, levo todos comigo. Costumo dizer que somos como uma família de circo, que sempre viaja junto.” Aos olhos da atriz, a ajuda de sua própria família e a do marido são essenciais para seu sucesso profissional. “Como disse, acredito no poder do coletivo, em qualquer instância e em qualquer núcleo. Não é simples atuar e fazer uma cena de humor quando um filho seu ficou doente ou você não dormiu quase nada na noite anterior”, diz. Quando vê a luz vermelha da câmera acesa, no entanto, ela se transporta. “Tento me concentrar apenas naquilo, e deixo para descansar depois”, conta. Ajuda bastante o fato de Jaron e ela compartilharem o propósito de oferecer uma vida saudável às meninas. “É exaustivo para todos nós, vivemos equilibrando pratinhos”, afirma.

Longe das viagens e dos sets, a atriz faz tudo para sua vida ser a mais corriqueira possível e defende a rotina como método educacional. “Quando estou em casa, tento fazer as mesmas coisas sempre. Acordo cedo, arrumo as lancheiras das meninas e as preparo para a escola. Daí, geralmente vou malhar e ficar com minha bebê. Depois, faço ligações e reuniões. Pelo menos agora, como tudo acabou em Zoom, ficou mais fácil”, diz. E o turno tem hora para acabar. “Tento sempre terminar o meu dia cedo, para poder buscar as crianças na escola”, afirma. Gal conta ainda que, na vida real, adora os papéis de cozinheira e dona de casa. “Amo fazer da minha casa um lar e passar meu tempo assim.” No fim do dia, depois de colocar as filhas para dormir, ela volta a ler scripts e resolver assuntos de trabalho. Até o dia seguinte, lhe restam cinco horas de sono, se tanto. “Quando consigo dormir tanto tempo, já me dou por feliz.”

MULHERES EXTRAORDINÁRIAS

Além da consolidada carreira de atriz, a israelense também comanda, desde 2019, a Pilot Wave Motion Picture, produtora que abriu com o marido. Foi nela que realizou um dos projetos mais significativos de sua carreira, o documentário Impacto. Lançado em maio deste ano pela National Geographic, a série de seis episódios, produzida parcialmente durante a pandemia, conta histórias de mulheres que vivem em áreas marcadas por violência, pobreza, opressão e desastres naturais ao redor do mundo, e que estão impactando positivamente suas comunidades. “Num período de tanta negatividade, trazer alguma luz e inspirar os outros a talvez agir e fazer coisas boas foi extremamente gratificante”, diz. “Tirei os holofotes de mim e os coloquei sobre mulheres extraordinárias, de origens difíceis e que lidam com os desafios da vida de forma heroica. Todas donas de uma determinação inabalável e compromissadas em melhorar a vida das pessoas ao seu redor”, explica. Uma das histórias documentadas se passa no Brasil e conta a trajetória da dançarina de balé Tuany, de 23 anos, que montou uma companhia de dança para meninas no meio de uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro, no Morro do Adeus, parte do Complexo do Alemão. Os outros episódios se passam em Porto Rico, em Michigan, na Califórnia, na Louisiana e no Tennessee.

Além de produtora executiva, Gal estreia agora na carreira de escritora. É dela o argumento de seu próximo filme, que terá direção de Patty Jenkins, a mesma de Mulher-Maravilha. Dessa vez, a ação, gênero que a consagrou, dá espaço ao drama – a atriz viverá a instigante Cleópatra. “Sempre fui fascinada pela história do Egito, um lugar progressista tanto na medicina quanto na matemática. Evidentemente, a figura de Cleópatra, central na história dessa civilização, sempre me atraiu muito”, conta. Quem espera mais do mesmo vai se surpreender. “Essa personagem sempre foi retratada sob o ponto de vista dos romanos, que não gostavam dela. Vamos celebrá-la de uma maneira muito especial. Acho que teremos algo épico”, completa.

Do outro lado da linha, escuto que meu tempo com Gal, infelizmente, havia terminado. Ainda queria saber de seus medos, suas impressões do Brasil e se algum dia imaginava ir tão longe. Prestativa e simpática, a atriz tenta responder às minhas perguntas com frases rápidas e objetivas. Nesse dia, ainda tem um compromisso com a imprensa e, na sequência, precisa colocar as filhas para dormir. Ficamos assim com o possível – e seguimos ambas equilibrando pratinhos e tentando abraçar o mundo. Cada uma a seu modo.

Gal Gadot estampa a capa da revista Elle Magazine na edição de novembro que celebra as mulheres mais resistentes de Hollywood em 2021. Leia a matéria traduzida abaixo!

Ela é mais conhecida por interpretar uma heroína que pode se teletransportar e voar. Mas o maior superpoder da estrela é sua disposição para se levantar – por si mesma e pelos outros.

Por Véronique Hyland

Gal Gadot insiste que não gosta de conflitos. Odeia, na verdade. Embora ela já tivesse fantasias de se tornar um “tipo totalmente desenvolvido de Ally McBeal”, ela deixou a faculdade de direito depois de apenas um ano. “O pensamento agora de eu ser uma advogada”, disse ela, com a cabeça cheia de visões de monólogos de tribunal e ternos de minissaia, “lidando com conflitos o tempo todo, não é para mim”.

É difícil conciliar isso com sua imagem como heroína de ação de Hollywood. Seja ela laçando bandidos como a Mulher-Maravilha ou, em seu novo filme Alerta Vermelho, empunhando um dispositivo de eletrocussão tão casualmente quanto uma mini bolsa Jacquemus, ela não parece exatamente temer contratempos na tela. (Em termos de acrobacias, ela disse: “Eu faço tudo o que o seguro me permite fazer.”) Mas fora da tela, Gadot aparece como quase sobrenaturalmente discreta, imitando sua observação de olhos arregalados em seus primeiros dias de atuação: “’E você é pago por isso? Ooh, estou dentro. Me inscreva.’”

Se tudo fosse tão fácil. Depois de ser escalada para Velozes e Furiosos de 2009, ela continuou fazendo testes até “me cansar de tentar”, disse ela. Quando ela quase desistiu, ela conseguiu o papel de Mulher-Maravilha. Quando criança em Israel, Gadot era muito jovem para assistir à versão de Lynda Carter para a TV; ela descreve sua juventude como “[não] uma grande fã de quadrinhos”. Mas ela sabia que um filme de super-heroína encabeçado por uma mulher seria um divisor de águas. Um blockbuster centrado na personagem estava “atrasado”, disse ela. “As pessoas ansiavam pela história dela.” Para o primeiro filme, seu salário era de meros (para os padrões de Hollywood) 300.000 dólares. Na época, “Fiquei extremamente grata. Essa foi a minha grande chance.” Em seguida, o filme arrecadou mais de 800 milhões de dólares. Quando a sequência, Mulher-Maravilha 1984, apareceu, “se você olhar para isso como um jogo de cartas, minha mão melhorou. Eu estava disposto a deixar a bola cair e não fazer isso se não fosse pago de forma justa.” Ela ganhou 30 vezes mais esse salário para o acompanhamento. Dada sua aversão ao conflito, ela estava com medo de jogar duro? “Não, porque quando sou justa, também estou certa.”

Outro exemplo de sua retidão e justiça: falar sobre os maus-tratos de Joss Whedon no set de Liga da Justiça. (Uma história do The Hollywood Reporter alegou que Whedon abusou verbalmente de Gadot quando ela compartilhou preocupações sobre sua personagem e diálogos. Whedon se recusou a comentar sobre a história. Embora suas observações no set não tenham sido tornadas públicas, Gadot disse na TV israelense em maio que Whedon “meio que ameaçou minha carreira e disse que se eu fizesse algo, ele tornaria minha carreira miserável”.) Questionada sobre sua reação inicial a esses comentários, ela disse: “Oh, eu estava sacudindo árvores assim que isso aconteceu. E devo dizer que os chefes da Warner Bros., eles cuidaram disso… Voltando ao senso de justiça que eu tenho… você fica tonto porque não consegue acreditar que isso foi dito a você. E se ele disse isso para mim, então obviamente ele diz para muitas outras pessoas. Eu apenas fiz o que senti que tinha que fazer. E era para dizer às pessoas que não está tudo bem.”

“Eu teria feito a mesma coisa, eu acho, se eu fosse um homem. Ele me contaria o que me disse se eu fosse um homem? Eu não sei. Nunca saberemos. Mas meu senso de justiça é muito forte. Fiquei chocada com a maneira como ele falou comigo. Mas tanto faz, está feito. Água de baixo da ponte.” Sua amiga e co-estrela em Mulher-Maravilha 1984, Kristen Wiig, observa que Gadot não tem medo de se defender. “Quando ela precisa usar aquele chapéu, ela é muito clara sobre o que é certo. As pessoas que pensam que ela é apenas um rosto bonito estão totalmente erradas.”

Em Alerta Vermelho, ela faz uma pausa no modelo da heroína para interpretar um ladra de artes que “não é boazinha. Sua agenda não é pura como alguns outros personagens que eu interpreto.” O papel exigia que ela enfrentasse Dwayne “The Rock” Johnson. (“Ele é uma rocha gigantesca com o coração mais suave e doce”, ela murmura. “É como manteiga por dentro.”) Seu costar Ryan Reynolds confirma: “Ela pode enfrentar praticamente qualquer pessoa, até mesmo uma montanha coberta de pele como Dwayne Johnson.” O papel também proporciona a ela alguns momentos cômicos. “Gal é incrivelmente adepta da comédia”, disse Reynolds. “Ela pode crescer quando precisa; ela pode puxar quando ela precisa.” Ela também está alongando seus músculos do drama de época com a mais recente adaptação de Kenneth Branagh para Agatha Christie, Morte no Nilo. (Curiosidade divertida de Gal Gadot: ela é uma grande fã de Christie.)

Agora que ela laçou Hollywood, Gadot está focada em seus projetos de paixão. Por meio de sua produtora, Pilot Wave (que ela fundou com seu marido, Jaron Varsano), ela está desenvolvendo um filme de Cleópatra. A famosa governante foi um “ícone” para ela quando ela era criança, crescendo no Oriente Médio. Embora dificilmente seja a primeira tentativa de Hollywood de retratar Cleópatra, “sua história precisa ser contada de uma maneira diferente, da maneira real, onde celebre quem ela era.” Ela também está produzindo e estrelando uma série limitada de Hedy Lamarr para a AppleTV + que explorará o papel menos conhecido da estrela da antiga Hollywood como inventora. Em uma época em que “as mulheres não tinham permissão para usar calças… ela não só usava calças, mas inventava coisas.” Linda, brilhante, subestimada por sua própria conta e risco? Parece a verdadeira heroína de Gal Gadot.

 

Confira o ensaio fotográfico para a edição da revista pelas lentes de Greg Williams:

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Gal Gadot é o recheio da revista GQ na Itália, na edição de janeiro, onde falou sobre sua visão da Mulher-Maravilha, sua preparação para interpretar a personagem e o empoderamento de homens e mulheres.

Como um personagem de quadrinhos dos anos 1940 se torna atual? Tirando a aura de perfeição e a fazendo pular 40 anos: GAL GADOT reinicia a partir da nova Mulher-Maravilha. E de uma aula de circo.

Por Roberto Croci.

Antes de se tornar a heroína do cinema mais amada no universo feminino, incluindo as garotas, Gal Gadot era uma ex. Ex-estudante de direito, ex-Miss Israel, ex-soldado, ex-dançarina, ex-esportista, ex-aspirante a Bond girl. No entanto, seu fracasso em 007 a levou ao set de Velozes e Furiosos como a ex-agente do Mossad, Gisele. Daí para a próxima etapa como Mulher-Maravilha é história. E agora Gadot está de volta na sequência Mulher-Maravilha 1984 (esperado na Itália a partir do final de janeiro).

Diana Prince/Mulher-Maravilha, criada por um psicólogo e um artista em 1941, a primeira super-heroína feminina da DC Comics: quem é ela, na visão de Gal Gadot?
Uma heroína com poderes extraordinários, claro, mas sua força também vem do coração, que é muito humana e, portanto, vulnerável. A Mulher-Maravilha está longe da perfeição inexpugnável: é uma pessoa curiosa, preocupada e insegura, como todas nós. De minha parte, não queria que fosse boa demais: para mim também tem uma alma sombria, não muito refinada.

Entre o primeiro episódio e este, na narrativa, já se passaram 66 anos.
Anos que deixaram a Mulher-Maravilha muito solitária: ela perdeu seus queridos amigos e também seu time. Mas neste ponto ela terá que enfrentar Cheetah/Mulher Leopardo, a grande vilã, que é interpretado por Kristen Wiig: as duas vêem no inimigo as qualidades que invejam, e nesse ponto coisas incríveis acontecerão. É um filme de entretenimento que transmite esperança, amor, mudança; ideal depois de um ano sombrio como o que acabou de passar.

Durante o serviço militar em Israel, ela ensinou calistenia aos soldados. Como ela se preparou para lutar no filme?
Patty Jenkins, a diretora, me levou para ver o Cirque du Soleil para me fazer entender como ela queria a coreografia. Ele queria que minhas cenas de ação fossem encenadas enquanto eu estava pendurada em cabos, para me dar aquela graça que não aparece nas lutas entre homens. Ela não queria que eu lutasse como homens, como acontece nos filmes de super-heróis, mas sim como um acrobata: então ela fez isso ser muito original. E aí vem o toque final: o dos figurinos.

No puro estilo dos anos 80?
Cabelo exagerado, muitas cores, um certo tipo de música, e as roupas originais retiradas dos desfiles da década, peças de Chanel, Dior, Ralph Lauren. O que não é como dizer: vestir uma fantasia de super-herói não é tão simples quanto vestir a roupa de qualquer personagem. Tecidos não são apenas tecidos, mas materiais super técnicos: plástico e metal que combinam com o seu corpo, para facilitar o movimento natural.

Por que o título de 1984?
Porque foi o ano dos excessos, principalmente no mundo financeiro. Tínhamos tudo, mas queríamos mais: uma ambição doentia e muito atual, se pensarmos na administração de certos governos.

E a trilha sonora? No trailer de lançamento está Blue Monday do New Order.
Reflete a ingenuidade de Diana Prince, seu senso de admiração ao descobrir o mundo: a trilha sonora, a discoteca e a dança, vão falar muito da evolução da Mulher-Maravilha.

O primeiro filme ensinou as meninas a confiar na humanidade.
Isso inspirou a todos: ouvi pais dizerem que seus filhos gostariam de se tornar a Mulher-Maravilha. Sempre falamos de igualdade: é educando os futuros homens que vamos empoderar as mulheres e vamos conseguir a igualdade. Gosto que seja uma história que interessa independentemente da idade, raça e cultura de quem a olha.

Isso influenciou você também?
Somos todos um. Quando tenho um problema, fico imaginando o que Diana faria.

Com o marido, Jaron Varsano, ela fundou a PilotWave: o que você vai produzir?
Histórias de mulheres extraordinárias, como a série sobre Hedy Lamarr para a Apple TV. Hedy era de uma beleza única, mas também era um gênio: ela estava por trás do sistema de modulação para codificar informações em frequências de rádio que foram usadas para redes wi-fi.

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A atriz Kristen Wiig, colega de elenco de Gal Gadot em Mulher-Maraviha 1984, estampa a capa da Harper’s Bazaar UK de dezembro e Gal Gadot foi escolhida pela amiga para bater um papo e entrevistá-la nesta edição da revista. As duas conversaram sobre maternidade, Mulher-Maravilha 1984 e muito mais! Confira o bate-papo a seguir.

“Gal? Oh, eu amo a Gal, eu poderia falar sobre a Gal o dia todo”, Kristen Wiig disse no set de sua sessão de fotos para a capa digital da Harper’s Bazaar UK no início deste mês. Na verdade, a dupla, que se enfrentará em Mulher Maravilha em 1984, se tornaram grandes amigas. Apesar de não se conhecerem de antemão, as inimigas na tela agora se tornaram aliadas fora da tela após oito meses de filmagem juntas em Londres; tanto que Wiig solicitou a Gadot uma entrevista para esta história. A dupla se conectou – como muitos de nós nos acostumamos neste ano – via Zoom: Gadot em Los Angeles e Wiig em Nova York.

A seguir, representamos uma mosca na parede da conversa, na qual discutem as pressões de estrelar uma franquia amada, as inseguranças que ambos vivenciam e as dificuldades de trabalhar longe dos filhos.

Gal Gadot: Oi Kristen!

Kristen Wiig: Oi Gal, é tão bom ver você. Obrigada por fazer isso.

GG: Onde você está agora?

KW: Estou em Nova York.

GG: Oh sério, por quê?

KW: Estou me preparando para fazer o Saturday Night Live. Eu tenho estado em quarentena e ficando um pouco louca, mas estou animada porque estou vendo todos – bem, algumas pessoas – hoje à noite socialmente distantes.

GG: Só estou pensando, quão particular devo ir para esta entrevista…? A primeira vez que você está longe das crianças e trabalhando, pode ser difícil.

KW: Isso não é fácil, é muito difícil. Para parte disso, Avi [Rothman, seu noivo] estava me enviando vídeos de quando eles nasceram e eu fiquei tipo, ‘Por que você está fazendo isso? Por favor, pare, você não pode enviar mais nenhum destes!’ Ele disse, ‘Acabei de encontrar estes.’ Eu estava tipo, ‘Estou longe!’

GG: A primeira vez que estive longe de Alma foi a mais difícil.

KW: É tão difícil. Existe o FaceTime, mas, você sabe, eles só tem um ano.

GG: A única coisa que posso dizer é que está tudo bem porque eles não vão se lembrar de nada disso, entende o que quero dizer? Tente se esquecer disso e aproveite o sono e a experiência, porque eles não se lembrarão de quando você voltar. Eles vão ficar tipo, ‘mamãe!’. Isso é o que me ajudou. Fica pior conforme eles crescem.

KW: Sim, eles sabem o que está acontecendo. Eles sabem que você está fazendo uma escolha quando sai.

GG: Não consigo imaginar o que significa e o que precisa para ser mãe de gêmeos em 2020. Quero dizer, este é o primeiro ano de suas vidas.

KW: A vida social deles não existe, e a parte mais difícil é que eles não podem ver a família. Eles ainda não estão andando, mas estão rastejando muito rápido. Assim que os coloco no chão, os dois seguem em direções diferentes.

GG: Quando eles acordam durante a noite, a quem você vai primeiro? É tão difícil, mas você simplesmente faz, certo?

KW: Eles dormem muito bem, na verdade, mas é muito difícil ficar longe.

GG: Tudo bem, eles não vão se lembrar e você vai mandar vídeos para eles, tudo bem. Enfim, sobre o filme! Esta experiência pela qual sou tão grata, que nos uniu. Estou tão feliz que agora tenho você em minha vida. Você se lembra da primeira vez que recebeu a ligação para o papel?

KW: Bem, foi misterioso porque recebi uma ligação do meu agente que disse: ‘Patty Jenkins [a diretora] quer falar com você, mas eles não vão dizer o que é – eles não vão dizer qual é o filme ou o papel é.’ Eu estava tipo, ‘É a Mulher-Maravilha?’ Eu tive que assinar um contrato de confidencialidade para falar com Patty. Tive que voar para Londres para fazer um teste de câmera e ler para o papel, mas não podia contar a ninguém e estava tão paranoica com isso. Segui as regras e disse: ‘Estou indo a Londres para uma coisa e não posso falar sobre isso e estarei de volta em alguns dias.’ Achei que a polícia da Warner Bros. bateria na minha porta porta.

GG: É engraçado porque sabíamos que você conseguiria o papel.

KW: Eu não! Eu estava tão estressada.

GG: Eu gostaria de conhecê-la então. Eu teria quebrado meu contrato de confidencialidade para dizer que o papel era seu.

KW: Foi tão elaborado. Fiz cabelo e maquiagem, fizeram um cenário com mesinhas e até tinha uma atriz lá que parecia com você.

GG: Sério?

KW: Sim! Tive que ler tudo e foi muito intenso.

GG: Você já teve que fazer algo assim para um projeto diferente?

KW: Eu tive que fazer alguns testes de câmera, mas fazer testes assim…

GG: O segredo de tudo!

KW: Não, até agora estou com medo de falar. Tenho medo de ter problemas.

GG: Eles não podem fazer nada agora. Qual foi a coisa que a deixou mais animada ou com medo, ou pelo qual você se sentiu desafiada durante este projeto?

KW: Acho que tenho uma resposta para cada uma dessas palavras. Animada: bem, isso foi apenas para a coisa toda. Eu amei muito o primeiro. Apenas arrumar minhas coisas e ir para Londres por oito meses e saber que estava trabalhando neste filme, foi um sonho de carreira para mim. Eu também estava nervosa com tudo isso, porque é um mundo tão grande que eu estava entrando e vocês já tinham estabelecido uma personagem e um tom tão bons. Eu só pensei, ‘Meu Deus, eu estarei neste filme e há tantos fãs’. Foi tão estressante.

GG: É tão engraçado porque a perspectiva que as pessoas têm de si mesmas e, na verdade, como as pessoas as percebem… Muitas vezes há uma lacuna entre os dois. Sua personagem era tão complexa – ela passou pela maior transformação, de pura bondade para o mal mais sombrio. É engraçado para mim ver alguém tão talentosa quanto você ficar tão insegura, assim como eu vejo o tempo todo. Enquanto isso, eu faria uma cena com você e veria você duvidar de si mesmo e eu pensaria, ‘Não, foi perfeito pra caralho!’ Assistindo ao filme como um todo, vendo tudo se encaixar, ver você voar alto no que você fez… Agora falar sobre o seu nervosismo parece tão louco porque você foi tão boa desde o início.

KW: Obrigada Gal.

GG: Sempre.

KW: Eu não tinha certeza de quanto de mim deveria colocar na primeira Barbara que conhecemos – quão engraçada ela deveria ser como personagem.

GG: Você tinha medo de torná-la engraçada?

KW: Eu estava porque não queria que parecesse comigo. Não estou dizendo que sou engraçada…

GG: Você é.

KW: Eu não queria que ela fosse como a Kristen que as pessoas conhecem. Eu pensei, ela não é engraçada, ela está triste. Um dia Patty me disse: ‘Se você apenas se deixar levar e ser essa pessoa e ver se as coisas estranhas e engraçadas saem, você vai se sentir melhor’.

GG: Qual foi a parte mais desafiadora desse trabalho?

KW: Provavelmente as coisas físicas.

GG: Com certeza! Não acredito que você teve que pensar sobre isso.

KW: A programação era tão louca. Os dias inteiros… e vendo a programação em que você teria quatro horas de acrobacias, coreografia e movimento, e isso depois de treinar com um treinador. Meu corpo entrou em choque no início. Eu não conseguia me mover. Eu estava hospedado em um lugar com escadas e pensei, ‘Oh não’. Minhas pernas estavam doloridas. Mas quando as pessoas me perguntam sobre os aspectos gratificantes disso; nós superamos isso. Você e eu aparecíamos e víamos as coisas malucas que teríamos que fazer, pensávamos ‘O quê?!’ e então faríamos. Foi tão divertido.

GG: Nesse tipo de filme enorme, você não pode considerá-lo como um todo. É dia após dia. Não é nem mesmo um projeto semana a semana porque todos os dias estão cheios ao máximo. Você se lembra do trabalho na água que tivemos que fazer e das erupções que surgiram em nossos rostos? Então eles tinham que colocar leite neles e ele simplesmente fedia. As pessoas veem a coisa final, polida, mas tínhamos que mergulhar e você estava com frio.

KW: Eu tive que ter certeza de que não desci muito por causa dos meus seios faciais . Tive um resfriado muito forte e aconteceu de ser o dia em que estávamos filmando debaixo d’água e mergulhando.

GG: Londres no inverno tornava tudo mais desafiador. Todos os projetos que eu gravei foram tão exigentes, mas este é o projeto mais difícil que já fiz.

KW: Mesmo estando lá por tanto tempo… Parece glamoroso – ‘Oh, você se mudou para Londres e está morando e trabalhando lá’ – mas você está deixando sua família, está indo e levantando tudo.

GG: Com seu parceiro.

KW: Sim, com seu parceiro. Existem tantos outros desafios do que apenas fazer um filme por oito meses. Estamos reclamando muito!

GG: OK, vamos falar sobre as coisas boas. Vamos falar sobre o elenco e Patty. Você ficou nervosa ao vir trabalhar conosco depois que fizemos o primeiro filme ou ficou super confortável desde o início?

KW: Bem, acho que você sabe a resposta para isso! Eu estava assustada. Sempre que você entra em algo que já está estabelecido… e você e Patty são tão próximas. O Chris [Pine] obviamente estava no primeiro, Pedro [Pascal] e eu nos sentimos os novos. Isso durou um dia.

GG: Ficamos muito felizes em ter vocês. Era como se estivéssemos juntos desde sempre. Nunca senti como se você fosse a nova pessoa do grupo.

KW: Sim, para mim! Eu estava passando por tantas estreias, estando em uma sessão de fotos por tanto tempo, fazendo um papel como este, fazendo todas as coisas físicas, estando nesta grande sequência de super-heróis, houve tantas estreias que eu pensei, ‘Oh meu Deus, o que eu faço?’ Na verdade, malhar ajudou com o estresse.

GG: E por mais que tenha sido trabalhoso, há algo incrível no fato de que trabalhamos com as melhores pessoas para estar em ótima forma. Só talvez não por quatro horas… Como foi trabalhar com Patty?

KW: Patty é a melhor. A relação com o diretor é tão íntima e você tem que falar a mesma língua. Ela conhecia minhas inseguranças sem eu nem mesma dizer. Ela me guiou. Todas as coisas que ela me disse eram o que eu precisava ouvir; ela foi tão gentil e solidária. Nesse tipo de ambiente, você começa a correr riscos e tentar coisas novas e é aí que é realmente divertido.

GG: Você é fã de quadrinhos, certo? Você leu histórias em quadrinhos ou assistiu a filmes de super-heróis?

KW: Assisti aos filmes e programas de TV; o programa de TV da Mulher-Maravilha, o programa de TV do Batman, os filmes originais do Superman…

GG: Qual era o seu filme de super-herói favorito quando você era jovem?

KW: Superman com Christopher Reeve. É divertido, bobo e assustador e agora é nostálgico assistir.

GG: Eu sei o que você quer dizer. Como atriz, você sempre…

KW: Oh meu Deus, toda vez que eu assistia um, eu pensava, ‘Oh, isso seria tão legal!’

GG: Sério? Eu não sabia disso sobre você.

KW: Sério! Não estou brincando quando digo que isso foi um sonho para mim. Eu quero dizer isso.

GG: Isso é incrível. Eu me pergunto se você poderia escrever um roteiro de uma super-heroína. Quão incrível ela seria? Uma super-heroína com um senso de humor muito, muito bom – isso é algo que eu nunca vi antes. Estou apenas jogando…

KW: Hmmmm…

GG: Por que você acha que foi importante que este filme tivesse uma diretora feminina e o que Patty trouxe para a mesa que um homem não teria feito? Esta pergunta me foi feita muito; o problema é a questão. Você acha que um diretor do sexo masculino jamais seria perguntado: ‘Por que você acha que foi ótimo ele ter feito o Batman e o que ele fez que uma mulher não faria?’

KW: O negócio está mudando lentamente e há mais oportunidades, e eles vêm com essas perguntas – separando o feminino do masculino e tornando isso um problema. Estou lhe dizendo, o termo “comédia feminina” me faz querer explodir.

GG: O que isso significa?

KW: Bem, não há comédia masculina.

GG: Qual é a diferença? Você sente mudanças na indústria como escritora e atriz ou ainda está muito lenta? Para mim, ser feminista é salário igual, oportunidades iguais.

KW: Acho que ainda não chegamos lá. Como eu disse, está mudando, mas não no ritmo que acho que deveria.

GG: Não no ritmo que você gostaria. Eu me pergunto quanto tempo vai demorar, o que e se o impacto desse tipo de filme – Mulher Maravilha e até Missão Madrinha de Casamento – terá nesse ritmo.

KW: Eles têm um impacto, desde que os mantenham na mesma categoria, de modo que nem sempre é um filme de super-heroína ou uma comédia feminina. Em última análise, é sobre um herói de quadrinhos.

GG: Estou com você. De volta ao filme, você realmente mostrou a humanidade de sua personagem como uma vilã. Por que isso foi importante para você?

KW: Sinceramente, isso estava no roteiro e nas conversas com Patty – o conflito que o público sente junto com Diana: eu gosto dessa pessoa, mas sei que ela é má. É uma pergunta interessante para se perguntar: é uma pessoa boa que se tornou má ou é uma pessoa má que finalmente se revelou? Era uma maneira diferente de ver um vilão. No início, Diana não se conecta com as pessoas… como Barbara pode ser essa pessoa com quem ela está disposta a se arriscar e fazer amizade? Mostrar esse calor era importante para isso.

GG: O que você mais gosta na Cheetah/Mulher Leopardo?

KW: A cauda. Não, eu gosto que ela ainda esteja lá; você ainda a vê. Há uma cena em que Diana está conversando com Barbara, embora ela seja Cheetah/Mulher Leopardo e você ainda vê essa luta. Eu gosto que não seja preto e branco.

GG: Você a tornou complexa e identificável. Podemos ser uma Barbara.

KW: Todos nós temos um pouco de Barbara em nós.

GG: O que empodera você, Kristen?

KW: Essa é uma boa pergunta. Ser mãe é uma grande coisa. Completar algo que você estava com muito medo de fazer, ficar nervosa para fazer algo e então aquela sensação que você tem quando faz. Espero ter essa sensação no domingo após o SNL. Estou sempre nervosa para fazer isso.

GG: Lá vem você de novo! É por isso que você é tão talentosa – você está sempre procurando e nunca pensa: ‘É isso, eu descobri’. Mesmo que você tenha feito parte do painel do SNL por muitos anos! Fora da população do universo, eu teria pensado que você ficaria relaxada sobre aparecer nele. Mas não, você é uma perfeccionista e se preocupa muito e está sempre procurando a melhor coisa para dar, você é incrível. Esta é uma boa pergunta para terminar.

KW: Muito obrigada por fazer isso por mim. Você fez isso como um favor e uma amiga e eu agradeço muito isso.

GG: Você é minha amiga e eu te amo. Foi bom conectar e fazer algo legal no Zoom.

Gal Gadot estampa, pela primeira vez, a capa da revista Vanity Fair no mês de novembro e fala sobre sua carreira, sua família, Mulher-Maravilha 1984 e mais. Confira abaixo!

Três anos atrás, Gal Gadot abalou o mundo como a Mulher-Maravilha. Na sequência, ela volta para chutar mais traseiros em nome do feminismo.

Por Nancy Jo Sales
Fotografia por Dudi Hasson
Estilo por Noa Rennert

Gal Gadot está relaxando no pátio dos fundos de sua casa em Tel Aviv. Este espaço ao ar livre, cercado por um muro de pedra e árvores pendentes, é onde ela diz que gosta de passar um tempinho “comigo” depois que suas filhas, Alma, de oito anos, e Maya, de três, adormecem. No ano passado, quando Gadot e seu marido, Jaron Varsano, pensaram que Alma tinha idade suficiente, eles mostraram a ela o filme que fez de sua mãe uma estrela: Mulher-Maravilha.

“Ela estava muito animada”, diz Gadot, “mas também não conseguia deixar de ver Ima” – mãe em hebraico – “lutando contra os bandidos. Ela disse, ‘eu não consigo assistir! Apenas siga em frente!’ Ela não conseguia suportar. Então, pulamos as partes assustadoras. Mas o resto ela amou e tem orgulho disso.”

Alma não é fã da Bela Adormecida, no entanto. “Ela disse: ‘Não gosto da Bela Adormecida’”, diz Gadot, “e perguntei por quê – porque é uma princesa da Disney; quem não gosta de uma princesa da Disney? E ela disse: ‘Porque tudo que ela faz é adormecer e o príncipe vem e a beija e então é o fim. Ela não fez nada’, disse ela. E Jaron e eu estávamos olhando para ela, e ficamos tipo, que perspectiva saudável. E é tão verdade – ela não fez nada.”

Me lembro de quando fui ver a Mulher-Maravilha no cinema em Nova York logo após sua estreia, em junho de 2017, com todos os gritos e aplausos das mulheres e meninas na plateia. A certa altura, uma mulher sentada ao meu lado agarrou minha mão em uma demonstração espontânea de irmandade. Logo surgiram relatos de reações semelhantes ocorrendo em todo o país e no mundo: o público batendo palmas, chorando, vestindo suas pulseiras de apresentação e empunhando seus laços de ouro em público e nas redes sociais. Uma postagem viral no Tumblr de uma professora do jardim de infância (que Gadot retuitou) relatou uma lista de coisas inspiradoras que aconteceram em sua sala de aula desde o lançamento do filme: meninos e meninas querendo imitar a força e a bondade da Mulher-Maravilha e salvar o mundo, como ela fez.

A Mulher-Maravilha foi um fenômeno. Vindo, como veio, meses após a eleição de um declarado sexista para a presidência dos Estados Unidos, parecia um bálsamo. E Gadot parecia a encarnação perfeita de uma amada super-heroína, chegando a tempo para uma onda feminista (seu primeiro nome, Gal, na verdade significa onda em hebraico), iniciada pela histórica Marcha Internacional das Mulheres em janeiro de 2017.

Hoje, com Mulher-Maravilha 1984 marcada para chegar aos cinemas em dezembro, Gadot está animada para que o público acompanhe o próximo episódio da história da Mulher-Maravilha. “Acho que o primeiro filme foi o nascimento de um herói”, diz ela, falando comigo pelo Zoom, “e desta vez queríamos ir mais fundo de uma forma. É mais sobre o perigo da ganância, e acho que é muito relevante para a era em que vivemos hoje. Parece que todos estão em uma corrida por mais, e quando você consegue o que deseja, há uma nova barra – e qual é o preço? E nós nos perdemos nesta maratona louca?”

Ela está usando um vestido preto sem mangas Helmut Lang com uma gola assimétrica, brincos de diamante, sem maquiagem. Em uma conversa abordando temas feministas, é difícil saber como, ou se, dizer o quão bonita ela é. Ela não parece muito interessada nisso. Na adolescência, ela trabalhou no Burger King em vez de aceitar os empregos de modelo que estava sendo oferecido. Ela ficou chocada quando ganhou o concurso de Miss Israel em 2004 (sua mãe e uma amiga a inscreveram por capricho) e decidiu que concursos de beleza não eram para ela. Ela participou do concurso Miss Universo em 2004, ela disse em entrevistas, que não cooperou e vestiu roupas horríveis.

“Oh, meu Deus,” ela diz, rindo, quando eu toco no assunto. “Paula Abdul foi uma das juradas, e ela me perguntou algo e eu fiquei tipo” – intensificando seu sotaque israelense enfumaçado – “‘Eu não falo inglês, desculpe.’ Fiz de tudo para ter certeza de que não iria ganhar.”

Na cena de abertura de Mulher-Maravilha 1984, a versão infantil da princesa guerreira Diana Prince (interpretada por Lilly Aspell, de 12 anos, uma saltadora premiada na vida real) se envolve em uma longa competição física, uma espécie de Olimpíadas amazonas. Isso acontece em Themyscira, a ilha mágica e cidade-estado de mulheres onde nasceu. É uma sequência deslumbrante de uma perspectiva técnica, com muitos feitos aparentemente impossíveis executados em grande escala, mas o que fica com você é o puro atletismo por parte de uma menina de aparência muito determinada.

“Sempre que vejo essa parte do filme, fico chorando – como lágrimas boas e animadas”, diz Gadot (pronuncia-se “Ga-dot”), que tem 35 anos. “Uma das maiores coisas em que acredito é que você pode apenas sonhar em se tornar alguém ou algo depois de ver isso visualmente. E os meninos – sorte deles – puderam vivenciar, desde o começo dos filmes, que eram os protagonistas, eram os fortes, salvavam o dia.”

“Mas não conseguimos essa representação”, diz ela. “E eu acho que é tão importante – e é claro que é ultra importante para mim porque sou mãe de duas meninas – mostrar a elas o potencial do que elas podem ser. E não significa necessariamente que elas tenham que ser atléticas ou fisicamente fortes – isso também – mas que elas podem ser maiores que a vida.”

Ela fala sobre a necessidade da educação; ela me conta sobre “uma coisa horrível que aconteceu a uma garota de 16 anos que foi estuprada por vários homens em Israel”, na cidade turística de Eilat, no Mar Vermelho, em agosto. “Como é que havia vários homens na sala, e ninguém estava tipo, ‘Ei pessoal, isso está errado, pare, alguém chame a polícia?’” ela pergunta. “Temos que nos servir de modelo para nossos filhos e temos que educá-los para a igualdade. Ainda há um longo caminho a percorrer porque ainda não existe uma verdadeira igualdade. Se concentrarmos nossos recursos nesse tipo de coisa, uma mudança real acontecerá.”

Ela sorri. Ela sorri muito. “Espero que não tenha sido um grande discurso”, acrescenta ela.

“Nunca conheci ninguém que tivesse tantos dons – de beleza, inteligência e força – e fosse tão bom”, diz Patty Jenkins, diretora de Mulher-Maravilha 1984 e Mulher-Maravilha de 2017, que foi o filme de maior bilheteria de um diretora mulher, ganhando mais de $ 820 milhões em todo o mundo.

O sucesso do primeiro filme da Mulher-Maravilha – pelo qual Gadot recebeu apenas US $ 300.000, um valor que causou indignação em alguns, pois empalideceu em comparação com o que muitas estrelas de ação masculinas levam para casa – ajudou a catapultá-la para a lista das mais bem pagas atrizes em Hollywood. Para a Mulher-Maravilha 1984, ela supostamente ganhou US $ 10 milhões – uma grande soma que ainda é menos da metade do que algumas estrelas de ação masculinas ganham, mais um sinal de que em Hollywood, como em outros lugares, a disparidade salarial entre gêneros ainda tem um longo caminho a percorrer.

“Gal é alguém cujo foco principal é fazer o bem com sua personagem, e isso é uma coisa tão especial, ter uma Mulher-Maravilha como essa”, diz Jenkins, que chama Gadot de sua melhor amiga. “Ela não está procurando por glória ou fama – ela está sempre perguntando: O que podemos fazer com isso que será bom para o mundo?”

Quando enviei um e-mail a Chris Pine, que interpreta o interesse amoroso da Mulher-Maravilha, o oficial de inteligência Steve Trevor, em ambos os filmes, perguntando por que ele achava que o público abraçou Gadot tanto no papel, ele respondeu: “Meu entendimento da Mulher-Maravilha é que ela é amor encarnado: feroz, forte, compassiva e intransigente. Essa é a Gal.”

Gadot cresceu em Rosh Ha’ayin, uma pequena cidade no centro de Israel que um amigo meu israelense descreve como sendo “como um típico subúrbio de classe média da Califórnia”. Seu pai, Michael, era engenheiro, e sua mãe, Irit, era professora de ginástica que ensinava esportes a Gadot e sua irmã mais nova, Dana, insistindo que elas corressem do lado de fora em vez de ficar em casa e assistir televisão.

Você pode imaginar Gadot sendo muito parecida com aquela garotinha ativa na abertura de Mulher-Maravilha 1984, correndo, pulando, preparando-se física e mentalmente para seu futuro. Seu próprio atletismo pode ser visto em ambos os filmes da Mulher-Maravilha, nos quais ela realiza muitas de suas próprias acrobacias. “Tentamos evitar ao máximo usar CGI nas lutas”, diz ela. Um dos momentos mais extraordinários de Mulher-Maravilha 1984 envolve uma cena em que ela luta contra vários bandidos com seu laço dourado enquanto dá um chute alto, que consegue ser durão e elegante.

Após o colegial, Gadot passou dois anos cumprindo seu serviço obrigatório nas Forças de Defesa de Israel, onde foi instrutora de preparação física e combate, antes de entrar na faculdade. (Ela tem sido frequentemente criticada por seu serviço nas FDI, bem como por uma postagem no Facebook apoiando as tropas durante os ataques aéreos do exército israelense a Gaza em 2014.)

“Eu vim de uma casa onde ser atriz nem era uma opção”, ela me conta. “Sempre adorei as artes e era dançarina e adorava cinema, mas ser atriz nunca foi uma discussão. Meus pais diziam, você precisa se formar na universidade e se formar.” Ela planejava se tornar advogada.

Mas “dadadada”, como ela costuma dizer sempre que encobre detalhes complicados ou desnecessários (como algumas passagens em programas de TV israelenses), ela foi escalada como Gisele Yashar, a especialista em armas em Velozes e Furiosos de 2009, e portanto sua carreira em Hollywood começou.

“Jaron”, seu marido, “foi quem disse: Você pode fazer o que quiser”, diz ela. “Foi ele quem realmente me deu forças para seguir este sonho.”

Gadot conheceu Varsano em um retiro de ioga e “festa muito estranha” no deserto israelense em 2006, quando ela tinha 20 e ele 30; ambos foram convidados por amigos em comum. Eles se deram bem imediatamente e começaram a namorar. “Em nosso segundo encontro, ele anunciou, vou terminar com todas as outras garotas que costumava sair e vou pedir que você se case comigo em dois anos, e ele fez – um homem de palavra”, Gadot diz, sorrindo. Em 2008, eles se casaram em uma pequena cerimônia em Tel Aviv.

Conectar-se com ele provou ser um momento decisivo em sua vida pessoal e, de certa forma, em sua carreira incipiente. Ela encontrou um unicórnio: um homem verdadeiramente feminista. “Somos realmente, igualmente parceiros”, diz ela. “Temos um grupo de amigos aqui e todas as esposas têm carreiras, e sempre brincamos que os maridos são o ‘novo homem’ – muito envolvidos com a casa e em cuidar dos filhos e tudo mais. Jaron é literalmente o vento sob minhas asas.”

Você pode perdoá-la, talvez, por ser efusiva; afinal, ele é o tipo de cara que homenageou o Dia Internacional da Mulher em 2018 postando no Instagram: “Tenho muita sorte de ser casado com uma mulher forte e independente. Eu aprendo com ela diariamente, ela me fortalece e me ajuda a me tornar uma versão melhor de mim mesmo. Nosso relacionamento é baseado na igualdade e respeito mútuo. Seus objetivos são tão importantes quanto os meus. Os sonhos dela são tão importantes quanto os meus.”

Mas o mais importante, de acordo com Gadot, Varsano faz o que dizem. Ele a apoiou em seguir sua carreira à medida que crescia e exigia cada vez mais, diz ela, encorajando-a a continuar trabalhando durante a criação de duas filhas, mesmo quando ela própria ficou insegura sobre como faria malabarismos para ser mãe e todas as suas oportunidades profissionais. Quando ela ficou ansiosa com a ideia de viajar para os sets de filmagem com Alma, sua primogênita, foi Varsano quem a tranquilizou de que tudo funcionaria.

“Viajamos juntos”, diz Gadot. “Nós somos a família do circo. Eu amo o que faço, mas acima de tudo é minha família e não vou viajar por longos períodos de tempo sem eles.”

Ela diz que ser mãe é “a melhor coisa que já fiz, o projeto da minha vida.” Quando pergunto que tipo de mãe ela é, ela sorri e diz: “Eu sou todos os tipos de mães. Depende de quantos dias você está perguntando. Estou muito conectada a elas e sou muito afetuosa, e me certifico de manter os canais de comunicação abertos e sempre falamos sobre sentimentos e coisas assim. E então às vezes eu as deixo ir e não as interrompo porque aprendi que quando você está muito envolvida, você pode realmente criar problemas.”

“Às vezes posso ficar histérica”, diz ela. “Eu posso ser idiota. Nós rimos muito. Posso ter muita paciência, mas quando eu perco, não é ótimo.” Ela ri. “Eu acho que toda mãe pode se identificar com isso, que depois que você tem um bebê, você recebe um grande saco de culpa, que é algo com que estou lidando o tempo todo. Mas percebi que só posso tentar ser a melhor versão de mãe que posso ser. Então, eu apenas tento fazer o meu melhor e dar a elas tudo que posso.”

Suas filhas sabem que ela interpreta a Mulher-Maravilha, é claro, mas “não é como um problema em nossa casa”, diz ela. “Eu sou a mãe que as incomoda e pede que façam coisas e as acorda de manhã. Sempre que eu pego uma Barbie [Mulher-Maravilha], elas ficam animadas com isso e brincam um pouco com ela, mas elas não estão obcecados com a ideia de que eu sou a Mulher-Maravilha.”

Em Mulher-Maravilha 1984, filmado em Londres, Washington, D.C. e partes da Espanha, Mulher-Maravilha faz muito, incluindo lutar contra seu inimigo, Mulher Leopardo, interpretada por Kristen Wiig. Os personagens começam como colegas e amigas, quando Mulher leopardo ainda é apenas a desajeitada geóloga Barbara Minerva, que ainda não se transformou em seu alter ego maligno. A cena em que elas se conheceram, no Smithsonian Institution, é notável pela atitude acolhedora de Diana Prince com sua colega cientista; parece mais um momento de poder feminino, mostrando a abertura e a vulnerabilidade de Gadot na tela.

“Gal foi um tremendo talento desde o início, mas devo dizer que suas habilidades de atuação explodiram”, diz Jenkins. “Ela é apenas uma das melhores atrizes que trabalham agora. Lembro-me de quando ela dobrou a esquina [naquela cena] e entrou, havia uma complexidade de calor e generosidade em seu rosto. Eu estava olhando para ela e pensando: Uau, ela é tão deslumbrante – é como se ela saísse de um gibi, direto da página, como se você não pudesse imaginar nada mais bonito – e ainda assim ela exala essa sabedoria complexa.”

Annette Bening, que coestrela com Gadot em Morte no Nilo, dirigido por Kenneth Branagh, concorda que Gadot tem um talento de atuação inexplorado e pouco discutido. “Ela se tornou uma estrela por causa de Mulher-Maravilha, mas é uma atriz muito boa”, diz Bening. “Claro que a Mulher-Maravilha é muito encantadora e tem toda a força, mas Gal também tem muitas outras coisas nela e é capaz de fazer muitos papéis diferentes, o que tenho certeza que ela fará. Quando alguém é tão bonito, as pessoas muitas vezes os subestimam, especialmente quando é uma mulher; as pessoas não conseguem conceber que podem ser tão inteligentes assim e ficam com inveja e são competitivas.”

Em Morte no Nilo, que estreia em dezembro, Gadot interpreta a mais glamorosa femme fatale de Agatha Christie, Linnet Ridgeway Doyle. O filme é uma fuga suntuosa, filmado na Inglaterra e no Egito. “Eles fizeram um trabalho tão bom nos cenários e nos figurinos que você literalmente se sente como se fosse uma mulher dos anos 40”, diz Gadot, que aparece em uma sucessão de vestidos matadores, enfeitados com joias.

“Sou uma pessoa sociável”, diz Gadot. “Eu posso falar com uma parede. Eu quero aprender; Eu quero ouvir histórias. Então, para mim, trabalhar com tantas pessoas” – o grande elenco inclui Armie Hammer, Sophie Okonedo e Russel Brand – “foi maravilhoso, e provavelmente ainda mais delicioso porque as pessoas com quem trabalhei são amáveis, doces e charmosas. E eu tinha Annette [Bening] lá comigo, que eu já conhecia. Foi ela quem deu o empurrão a mim e a Jaron para começarmos a nossa produtora”, que se chama Pilot Wave.

O primeiro projeto da empresa, uma série para a Apple sobre Hedy Lamarr, vai estrelar Gadot como a linda atriz de Hollywood e um gênio científico que foi a pioneira na tecnologia que lançou as bases para WiFi, GPS e Bluetooth. “Ooh, Hedy Lamarr”, diz Bening quando menciono isso a ela. “Gal é perfeita para isso.”

Linda, talentosa, abençoada com duas filhas e um marido solidário – que é parceiro dela em projetos de sucesso, como o desenvolvimento do Varsano Hotel de Tel Aviv, que em 2015 Gadot e Varsano venderam ao bilionário russo-israelense Roman Abramovich por US $ 25 milhões – voando com todos em todo o mundo, fazendo grandes filmes com outras pessoas bonitas e talentosas… A vida de Gadot parece além de privilegiada. E, portanto, não é uma surpresa que a Internet se voltou contra ela depois que ela postou o agora infame vídeo dela e de outras celebridades cantando “Imagine”, de John Lennon, em março, numa época em que muitas pessoas, incluindo ela, iniciavam a quarentena devido a COVID-19.

Certamente é difícil sobreviver ao vídeo horrível e desafinado de dois minutos, que apresenta uma série de performances emocionantes de nomes como Wiig, Sarah Silverman, Natalie Portman e Will Ferrell, bem como alguns cantores de verdade como Sia e Norah Jones. E o momento estava certo – as pessoas estavam se sentindo desesperadas, com medo e precisando de recursos, não as celebridades arrulhando para elas de seus arredores luxuosos.

Mas foi realmente a causa do tipo de ódio que recebeu? Ou foi apenas a internet fazendo o que a internet faz? Foi realmente merecedor do discurso que obteve no New York Times, no qual o escritor musical Jon Caramanica escreveu: “Começa depois de um monólogo breve e banal de Gadot, que pode estar em bloqueio, mas cuja mente foi libertada, cara.”

Quando toco no assunto com Gadot, ela não se desculpa. “Às vezes, você sabe, você tenta fazer uma boa ação e simplesmente não é a boa ação certa”, diz ela com um sorriso e um encolher de ombros. “Eu não tinha nada além de boas intenções e veio do melhor lugar, e eu só queria enviar luz e amor para o mundo.”

“Comecei com alguns amigos e depois falei com Kristen [Wiig]”, diz ela. “Kristen é como a prefeita de Hollywood.” Ela ri. “Todo mundo a ama, e ela trouxe um monte de gente para o jogo. Mas sim, eu comecei, e só posso dizer que pretendia fazer algo bom e puro, e não transcendeu.”

Sua atitude de me aceitar como eu sou é revigorante, mas me pergunto como isso acontece em Hollywood, que é famosa por ser um lugar onde as pessoas raramente dizem o que realmente pensam. “Às vezes, isso pode me causar problemas”, diz ela. “Há algo que aprendi a dizer, que é: ‘Não discordo de você, mas’- basicamente, estou discordando de você.” Ela sorri novamente. “Então eu me adaptei. Acabei de chegar à conclusão: eu faço por mim, você por você. Prefiro que você não goste de mim neste momento do que não dizer a minha verdade.”

(Depois que a versão impressa desta história foi para a imprensa, a notícia de que Jenkins iria dirigir Gadot em um futuro projeto de Cleópatra gerou alguma reação contra o desacordo sobre a herança da rainha egípcia. Gadot, que está no set de filmagens de um novo projeto, não foi encontrada para comentar.)

Tiro uma foto dela na tela para ter certeza de me lembrar de como ela ficou durante nossa conversa. Nesta foto, ela está sorrindo o sorriso mais feliz que eu acho que já vi em alguém desde o início da pandemia. Eu me pergunto sobre aquele sorriso e como Gadot consegue permanecer tão feliz. Eu me pergunto se é porque ela parece tão ciente de como ela é sortuda.

A palavra sorte surge repetidamente enquanto conversamos. Gadot se sente sortuda, diz ela, por estar saudável e segura e com suas filhas durante a COVID-19. Ela se sente sortuda por ter sido escalada para o papel da Mulher-Maravilha e por fazer parte desse mundo, que ela diz parecer “como se você fosse uma grande família feliz vivendo em uma comuna; tem sido uma viagem incrível, incrível.” Ela se sente sortuda por ter Varsano como seu parceiro.

“Tenho sorte”, ela me diz. “Eu agradeço todas as manhãs. Na cultura judaica, há uma prece que você deve dizer toda vez que acordar de manhã para agradecer a Deus, você sabe, por mantê-lo vivo e dadadada.”

“Você diz ‘modeh ani’, o que significa ‘dou graças’”, diz ela. “Então, todas as manhãs, acordo, saio da cama e digo: ‘Obrigada por tudo, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada.’” Ela fecha os olhos por um momento, como se repetisse a oração. novamente. “Nada deve ser considerado garantido.”

Abaixo um vídeo dos bastidores da sessão de fotos.

Todas as fotos estão em nossa galeria, confira!

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Durante sua passagem pelo Brasil, em dezembro de 2019, Gal Gadot concedeu uma entrevista à revista GQ do México, na qual ela fala sobre Mulher-Maravilha 1984 e sobre a luta das mulheres em Hollywood. Confira a tradução abaixo!

São primeiros dias de dezembro de 2019 e os raios de sol batem com toda a força em São Paulo, uma cidade com uma vibe particular: os acordes da bossa nova se misturam às construções impressionantes, enquanto a alegria brasileira se faz sentir as “ruas” e o vento que sopra nos fazem pensar que a qualquer momento vamos dar de cara com o mar, mesmo que esteja há centenas de quilômetros.

Quem vive no hemisfério norte tem uma associação na cabeça a respeito do mês de dezembro: frio, neve (em alguns casos) e árvore de natal ao pé da lareira. Nessas latitudes, tudo muda completamente. A decoração da estação deve dar conta do calor intenso que dá as boas-vindas ao verão. A notícia de um vírus potencialmente contagioso em algumas partes da Ásia parecia distante para a América na época, uma preocupação que ainda não havia chegado até nós. O fato é que, naquela época, São Paulo havia se tornado o epicentro e ponto de encontro de milhares de fãs de quadrinhos que vinham de diversos cantos da nação sul-americana (e até mesmo de fora de suas fronteiras.) para ser parte da CCXP, que reuniu nomes como Margot Robbie, Henry Cavill e Mark Hamill. Mas a cereja do bolo viria no último dia.

MEU ENCONTRO COM A MULHER MARAVILHOSA

A cidade está apenas começando a acordar de seu sono matinal de domingo. O carro que me leva direto ao Palácio Tangará (situado em uma extensa área verde em meio a toda a mata de asfalto) circula suavemente no trânsito de São Paulo, que tem uma das piores fama, mas desta vez, é uma exceção ao régua.
Assim que atravessamos a cerca que separa a propriedade, tudo se torna opulência à nossa volta, enquanto no horizonte, aos poucos, começa a surgir o resort, que realmente faz jus ao seu nome. O veículo preto para e um homem abre a porta do lado em que estou viajando.
“Bem-vindo”, ele me diz. Outro senhor, vestido com um terno preto, logo transforma a conversa em sua língua, o inglês: “Sr. Germán. Me siga por aqui”. O contexto é imbatível: sinto-me imerso em um filme em que tenho como missão conhecer uma princesa cujo objetivo principal é resgatar o mundo de qualquer mal. E assim é. Se por fora o hotel faz jus ao seu nome, por dentro é como pisar num verdadeiro palácio. Um elevador nos leva diretamente ao terceiro andar. “Está tudo pronto para a sua entrevista”, diz-me o homem de preto, e as expectativas aumentam. Um longo corredor com carpete carmesim se estende diante de nós assim que as portas do elevador se abrem. O cavalheiro assume a liderança e eu o sigo.

Caminhamos alguns metros e, de repente, ele para na frente de outra porta. “Um momento, por favor”, diz ele. Abre lentamente e fecha após entrar. Tenho pouco tempo para examinar as pinturas que decoram o longo corredor. “Pronto, Sr. Germán. A senhorita Gadot está esperando por você”, ele me garante.
A sala está perfeitamente iluminada graças a uma enorme janela que mostra a fascinante área verde que circunda o resort. A luz me cega por um momento. Tento focar minha visão e então a vejo vestida com um elegante vestido branco e seu cabelo preto contrastando com a roupa. Gal Gadot agradece o cartão-postal oferecido pelo terraço, mas assim que nos ouve entrar, ela vira a cabeça e sorri para nós.
Após as devidas apresentações, nos acomodamos ao redor de uma mesa. “Como o Brasil está tratando você?” Peço a ela que quebre um pouco o gelo.
“Surpreendente. Gostaria de dizer que conheço muito, mas não. Gostaria de sair ainda mais e curtir o dia lindo e a vitamina D que o sol nos dá”, diz ela com uma risada.

À noite, Gal será a encarregada de encerrar a edição de 2019 da CCXP, por isso, nos jornais e na televisão, sua visita ganha as manchetes. A expectativa para a Mulher-Maravilha 1984 foi crescendo com o passar dos dias, desde seu anúncio, principalmente após o sucesso que representou o primeiro filme, que chegou a ser considerado um dos indicados ao Oscar. E embora não tenha sido assim, foi colocado como um dos favoritos do público em 2017, dos amantes do Universo DC e, claro, dos fãs de quadrinhos.

“Esta sequência representou um desafio”, confessa a atriz israelense. “Foi um projeto muito ambicioso desde o início. Mesmo antes do início das filmagens, muitos nos disseram que não teríamos sucesso, mas Patty (Jenkins, a diretora) e eu respondemos que íamos fazer isso. Enfrentar tal fita envolve uma longa preparação, especialmente no nível do corpo. Depois disso, embarcamos em uma filmagem que durou oito meses sem interrupção. Foi uma filmagem muito longa e, acima de tudo, muito física, porque vocês devem saber que uma das coisas que fizemos foi criar um novo estilo para as cenas de luta”, conta Gal. “Antes de iniciar a produção, Patty e eu fomos com nossas crianças para ver o espetáculo do Cirque du Soleil e, ao final, concluímos que era assim que queríamos que Diana lutasse dessa vez. E assim fizemos, trabalhamos com coreógrafos e evitamos CGI tanto quanto possível, embora isso significasse mais tempo e mais complicações. Por isso, foi uma filmagem longa, que representou um desafio, sobretudo porque sou mãe de duas filhas, e conciliar maternidade e trabalho às vezes é difícil.”

Desde que Lynda Carter vestiu o traje icônico, a personagem tem sido uma referência para muitos. Mas agora que Gal assumiu o Laço da Verdade, e principalmente por causa dos tempos em que vivemos, a Mulher-Maravilha se estabeleceu como uma inspiração para crianças, mulheres e homens. Isso é algo que a atriz sabe muito bem. “Não considero isso leviano, especialmente porque tenho filhas e entendo a importância de bons exemplos. Acho que agora, a herança da Mulher-Maravilha é muito importante e sou grata por isso. Para mim, é vital divulgar sua filosofia para o mundo e, de muitas maneiras, é o que procuro inspirar. Seja uma boa pessoa, seja positivo, ame os outros, faça o bem. Fico muito feliz que esse personagem tenha muito impacto entre as pessoas”.

SOBRE FEMINISMO E SEXISMO EM HOLLYWOOD

Não é novidade para ninguém que Gal Gadot é um dos nomes que tem se envolvido com a luta feminista na Meca do Cinema e em todo o mundo, além de ter aderido às diversas causas pelas quais as mulheres levantaram suas vozes para exigirem condições de igualdade. “Acho que Hollywood não parou de ser sexista. Acredito que enquanto esse problema persistir, será porque não alcançamos o ponto de igualdade que desejamos. Será um caminho longo, sem dúvida, mas ao mesmo tempo, está surgindo essa força de novas diretoras que fizeram filmes fenomenais recentemente, como Alma Har’el com Honey Boy ou Greta Gerwig; uma onda feminina que começou a encontrar seu próprio caminho em Hollywood e que teve sucesso. Estou muito feliz com esse aspecto, porque quanto mais elas forem, melhor será”, diz Gadot.
Mas o que falta para atingir esse ponto esperado? “Ok, agora você está entrando em um negócio sério. Vou te dizer o que é, pelo menos para mim. Pode ser difícil, mas considero que o mundo foi orquestrado e projetado para os homens, porque eles eram a principal força de trabalho. As mulheres começaram a trabalhar durante a Segunda Guerra Mundial, quando tinham que ir para a luta. Foi então que as mulheres começaram a se envolver com o círculo de trabalho, mas os cavalheiros já faziam isso há algum tempo”, reflete. “Não sou o tipo de mulher que aponta para os homens e os culpa por tudo, porque não acho que seja culpa de ninguém em particular; no entanto, acho que levará tempo para corrigir algo que se arrasta por anos e criar um bom ambiente para as mulheres terem oportunidades e salários iguais. Além disso, isso levará a questões como #MeToo, com o qual é importante que outras representantes do gênero feminino em posições importantes falem sobre o assunto. O trem está indo na direção certa e avançando, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, continua. “O que podemos fazer para apoiar essa ideia?”, Pergunto a ela. “Oh, é muito gentil da sua parte (risos). Primeiro, contrate mulheres e promova-as em seus espaços de trabalho. Dê a elas as mesmas oportunidades que dariam aos homens e também pague-as de forma justa.”

Alguns dias antes, durante a apresentação de Aves de Rapina na CCXP em São Paulo, Margot Robbie havia garantido que o feminismo não era só para mulheres, mas também envolvia homens, uma declaração que ganhou as manchetes em um país cujo presidente é caracterizado por seus comentários machistas. “Concordo totalmente com Margot, diz Gadot. “Eu sempre digo que se você não é feminista, é chauvinista (risos). Portanto, todo mundo deveria ser feminista. Recentemente, tenho sido muito questionada sobre o empoderamento feminino e de que forma este filme pode contribuir para isso, e o que posso dizer é que Mulher-Maravilha 1984 significa muito para as mulheres, significa muito para mim, significa muito para meninas, mas você não pode empoderar mulheres apenas para mulheres; você precisa educar homens e meninos. Por isso, filmes como este são universais e para todos, porque estamos juntos nisso; Não se trata de uma competição, mas de ser tudo para todos.”
O tempo de conversar com Gal Gadot sobre cinema e feminismo passa rápido. E embora eu queira continuar me aprofundando no assunto, uma garota de sua equipe nos interrompe para me avisar que a atriz deve ir embora, pois um grupo de jornalistas locais a espera no andar de baixo com quem ela se encontrará em uma entrevista coletiva. Gal se despede com o mesmo sorriso que me cumprimentou. “Se você tivesse a oportunidade, em quem você colocaria o Laço da Verdade?” Eu questiono enquanto levantamos de nossos assentos para aproveitar o último momento. “Talvez os políticos e certos líderes mundiais para ver se estão fazendo a coisa certa para a humanidade. São tantos que não consigo escolher um em particular.” E termina com uma risada que enche a sala inteira.

 

Abaixo vocês podem conferir os scans da revista em nossa galeria!

Outubro – GQ (México)

 

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